Artista leva grafite a SP homenageando Nilma Bentes, paraense idealizadora da 1ª Marcha das Mulheres Negras há dez anos
26/11/2025
(Foto: Reprodução) Grafite celebra os 10 anos da Marcha das Mulheres Negras e leva a voz de uma das principais referências do movimento no Pará para o espaço urbano.
Wagner Barros Serejo
A arte urbana que surge das mãos de artistas paraenses ganhou destaque nacional com a obra da grafiteira Mina Ribeirinha. A artista assina o mural "Nada começa quando inicia ou termina quando acaba", uma homenagem à também paraense Nilma Bentes, referência histórica do movimento negro no Brasil.
A obra, que teve como tema a celebração dos 10 anos da Marcha das Mulheres Negras no país, foi selecionada pelo Museu de Arte de Rua (MAR), iniciativa da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo que transforma esQuem é a homenageadapaços públicos em galerias a céu aberto.
O mural de 109 m², finalizado na última segunda-feira (24), ocupa uma das paredes do CEU Inácio Monteiro, complexo cultural e esportivo da cidade de Tiradentes, em São Paulo, e homenageia a intelectual paraense Raimunda Nilma de Melo Bentes, 77 anos, fundadora do Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará (Cedenpa) e uma das idealizadoras da Marcha das Mulheres Negras, que em 2015 levou mais de 50 mil mulheres à Brasília.
Grafite celebra os 10 anos da Marcha das Mulheres Negras e leva a voz de uma das principais referências do movimento no Pará para o espaço urbano.
Wagner Barros Serejo
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No mural, Nilma aparece de cabeça erguida, acompanhada de símbolos da ancestralidade e da luta política. A camisa vermelha faz referência a Xangô, orixá da justiça e símbolo do Cedenpa, e o adinkra Aya, símbolo da cultura acã (Gana) que representa resistência, independência, perseverança e superação, que se parece com uma folha de samambaia, destaca a perseverança que marca sua trajetória.
Ao fundo, Mina inclui a Praça dos Três Poderes, conectando a origem amazônica do movimento ao cenário político que recebeu as 50 mil mulheres negras na marcha de 2015.
Arte amazônida
Natural de Belém do Pará, Mina Ribeirinha é graffiteira, artista visual, ilustradora, produtora e arte-educadora com uma carreira que se estende desde 1999. Ao longo de quase 20 anos de trajetória, Mina utiliza o graffiti como um poderoso canal de expressão política e social, abordando questões raciais e celebrando a cultura afro-amazônica por meio de uma perspectiva afrofuturista e afrodiaspórica.
Mina também é fundadora e empreendedora da Tinta Preta, a primeira produtora de arte urbana da Amazônia. A Tinta Preta oferece uma gama de produtos e serviços, incluindo moda afro-urbana amazônica, produção executiva de obras públicas de graffiti em diversas dimensões, além de curadoria de artistas locais e nacionais.
Quem é a homenageada?
Nilma Bentes tornou-se referência para movimentos negros e de mulheres negras no Norte do país, articulando encontros, fortalecendo pautas e mobilizando redes de apoio na região.
Tereza Maciel e Aryanne Almeida/Believe.Earth
Raimunda Nilma de Melo Bentes, nascida em Belém em 1948, é agrônoma, ativista e uma das principais lideranças do movimento negro na Amazônia. Funcionária do Banco da Amazônia e fundadora do Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará (Cedenpa), tornou-se referência para movimentos negros e de mulheres negras no Norte do país, articulando encontros, fortalecendo pautas e mobilizando redes de apoio na região.
A Marcha das Mulheres Negras, realizada em 18 de novembro de 2015, em Brasília, nasce de uma proposta apresentada por Nilma durante o Afro XXI, em 2011.
O movimento ganhou força com a crescente participação de mulheres negras em organizações e conferências nacionais de igualdade racial entre 2004 e 2013. Em 2013, foi criado o Comitê Impulsor Nacional, que reuniu entidades como AMNB, Conaq, Fenatrad e MNU e lançou o manifesto no ano seguinte.
A marcha se consolidou como marco histórico na luta antirracista, feminista e pela defesa do bem viver e da democracia no Brasil.
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